Não me apetece escrever! A escrita me provoca e eu não largo a maldita. A fera me toca com a tinta da sua desdita e, eu, para não a ver aflita, uso verbo de moca, e desdenho o que me medita. Sou parasita da escrita. Cresppo.
Todo ano, quando se aprochegam estes tempos de festas, estes fatigados e adinâmicos últimos dias do calendário anual, sempre, desde que me conheço não me reconhecendo, uma colossal e íntima apatia me toma por completo. Não por não gostar das festas, comidas, bebidas e os encontros com amigos e familiares, o que devo declarar já em confissão, são justamente tais eventos os quais tornam as mesmas datas um pouco menos excruciantes. Creio ser algo ainda mais profundo do que a própria fadiga de mais um ano que se completa. A expectativa ilusória e repleta de fé acerca de um novo ano no qual as coisas serão melhores, mais prósperas e que tudo "dará certo", é, talvez, um dos gatilhos e grande chave psíquica para que tudo seja tal qual e congênere, de modo lancinante e sórdido, numa graciosa fantasia, cujas máscaras ao final da derradeira bebederia em fuga de esquecimento, e, sua respectiva ressaca em pílulas do dia seguinte , a degenerescência de tudo o quanto se almeja. Me evocam...